Essa última semana eu fiz um post nas redes sociais que falava sobre a indissociabilidade da pessoa que empreende e do seu empreendimento.
Isso mesmo! No mundo corporativo existe humanidade. Existem sentimentos, afetos e emoções. O que ocorre é que, a maioria dos empresários, não considera todas as dimensões humanas dentro das organizações. É muito incoerente isso: fragmentar o ser humano como se pudéssemos separar a persona profissional da pessoal.
Eu lembro, lá nos anos 90, quando iniciei minha carreira profissional, em um dos primeiros trabalhos que realizei, meu líder me disse: “Eliane, aqui você deve “vestir a camiseta” e seus problemas pessoais devem ficar em casa”. Ouvi essa frase e pensei: como vou realizar essa demanda de me fragmentar em profissional e pessoal? Como eu faço isso?
Essa frase seguiu comigo desafiando minhas crenças e me instigando a repensar sobre os modelos de gestão tão cruéis com os colaboradores. Na verdade, estas reflexões são fundamentais para qualquer empresas ou empresário/a. Não é possível adiar mais esta pauta! É agora!
1.1 Começando a mudar
Lendo o livro Empresas que Curam, de Raj Sisodia & Michael Gelb, me levou a reavivar esta conversa com você, caro/a leitor/a. O livro traz uma série de histórias de empresas que inspiram e que estão tornando possíveis feitos maravilhosos no mundo corporativo. Como já falei em outras reflexões, o protagonismo das instituições é fundamental para vermos as mudanças acontecerem, na prática.
A história do capitalismo não foi a coisa mais linda de se ver. Muitas ações foram realizadas em prol do desenvolvimento econômico e social , mas entendo que, entre tantas coisas, a visão mais humanizada nas organizações ficou negligenciada, trazendo influências marcadas pela violência, imposição, poder, competição e egoísmo.
“As influências tóxicas do meio corporativo deixaram marcas e sofrimento nas pessoas”.
O ethos da maioria das instituições mostram empresas que correm muito atrás do lucro e desconsideram as outras relações possíveis dentro desses ambientes. Este é o mundo que você quer deixar para a prosperidade?Qual o legado de sua empresa? Ganhar dinheiro?
1.2 Elevando a consciência
Será que não temos outra maneira de nos relacionar nas organizações? Será que pessoas e organizações não são a mesma coisa? Claro que sim! Não tenha dúvida!
Empresas são pessoas, clientes são pessoas, stakholders são pessoas e a comunidade são pessoas. Esta é a chave para a elevação da consciência. A dimensão humana, por muito tempo esquecida, está retornando, aos poucos, para a relevância necessária dentro das empresas.
Percorrendo algumas literaturas sobre os negócios e lideranças, como comentam Sisódia e Gelb, existem livros que reforçam a sociopatia nos negócios. Uma sociopatia que considera a empresa sem as pessoas. Uma ideologia que torna o ambiente corporativo repleto de competição, guerras de poder e vaidades. Neste tipo de ambiente fica difícil valorizar as pessoas. Falta confiança e respeito mútuos.
Um líder lidera pelo exemplo e não pela força . Essa é a minha perspectiva também. Líderes tomam decisões difíceis, mas as tomam de forma consciente , com benevolência e gentileza em um equilíbrio entre a tenacidade e a sagacidade diz Sisodia e Gelb.
“É preciso entender que é possível promover crescimento nos negócios e servir à sociedade e ao planeta. Isso é recuperar a sanidade no mundo corporativo”.
A elevação da consciência está em acreditar firmemente que se melhorarmos a vida das pessoas que trabalham com a gente e focarmos na busca de melhorias para a nossa comunidade, encontrando soluções sustentáveis, estaremos em sinergia com nossos consumidores, sociedade e funcionários, nosso acionista vai ter resultados consistentes nas nossas empresas.
1.3 Empoderando pessoas
A missão da empresa também deve ser empoderar as pessoas. Essa atitude também as fará gerar lucro!! As empresas devem ter responsabilidade moral com cada indivíduo. Hoje, sabe-se que este posicionamento de gerar riqueza e beneficiar a todos que são impactados pelas nossas organizações. Isso é possível!
Uma liderança realmente humana é medida pela forma como curamos e empoderamos as pessoas. Tudo que acontece no mundo é responsabilidade nossa. Todo o desrespeito com o meio ambiente, com as desigualdades sociais e de gênero originaram-se da lacuna de humanidade cada ser humano.
“As organizações podem fazer algo diferente! As empresas podem ser protagonistas de uma transformação social”.
O mesmo olhar que temos para geração de lucros, é o mesmo olhar que precisamos ter com as pessoas. Sabemos que o que precisamos é o equilíbrio. Sabemos que esse olhar para as pessoas reduzirá o sofrimento humano, pois em grande parte das empresas, vemos a doença, o stress e a falta de qualidade de vida.
“Empoderar pessoas é construir caminhos possíveis para que ela se desenvolva“.
É pelo trabalho que desenvolvemos nossa identidade e nos tornamos capazes de exercer nossa autonomia em uma perspectiva biosocioantropológica do ser humano.
É hora de favorecer nossa vida e a da vida das pessoas que trabalham com a gente. É hora de acreditar que nossas empresas são pessoas e que elas precisam estar bem para apoiar nosso propósito maior, em uma cultura mais consciente e com líderes mais humanizados. A sociedade, os stakeholders e o nosso planeta precisam de nós, empresas que tornar a transformação mundial possível.
#capitalismoconsciente #pessoas #humano #humanidade #transformação #mudança
Sim. Empresas do futuro se preocupam com o lucro , com as pessoas e com o planeta.
O começo de tudo acontece dentro da gente, com uma ampliação de consciência de que estamos todos conectados no mundo e que empresas são pessoas.
Porque é ela que inspira as mudanças de cultura, de estratégia e pensamento organizacional. Todos nós somos líderes dentro das organizações. Todos nós somos influenciadores nas nossas empresas.
As empresas podem acelerar as transformações socias, econômicas e trazer um novo jeito de investir e fazer negócios mais conscientes no Brasil e no mundo.
Eliane Davila
Ph.D em Processos e Manifestações Culturais
Pesquisadora do Empreendedorismo Feminino
Embaixadora Certificada do Capitalismo Consciente
Mentora de Negócios da ABMEN
Presidente da Associação de Administradores do Vale do Sinos – AVS