Compartilhei aqui recentemente um texto contando sobre quando eu deixei um cargo de liderança para atuar em atendimento ao cliente, dentro da mesma instituição. Acontece que a minha decisão não foi baseada em plano de carreira ou na busca por um salário superior, eu procurava mais felicidade no trabalho. Precisava de desafios, e fui em busca deles.
Talvez por isso a minha decisão tenha espantado meus colegas, porquê achamos normal abdicarmos nossa felicidade e bem-estar em nome de um cargo maior. Mas, assim como eu, muitas pessoas estão se movimentando em busca dessa felicidade corporativa.
A pandemia trouxe essa sentimento, de urgência em ser feliz, fez as pessoas perceberem o quanto seu trabalho estava ligado a sua felicidade. É também por isso que esse tema começou a ser levantado nas empresas, existe até um cargo voltado para isso agora, o Chief Happiness Officer (CHO).
Isso mostra que estamos no caminho mas, por outro lado, os altos indicadores em doenças mentais como burnout, ansiedade e depressão revelam que temos uma jornada longa pela frente. Ainda banalizamos a ansiedade, o estresse e a falta de segurança psicológica, normalizando ambientes tóxicos e infelizes.
Uma pesquisa do McKinsey Insights de setembro de 2020, mostrou que 70% das pessoas encontram seu propósito por meio do trabalho. E é isso que as empresas e os líderes precisam entender, enxergar o trabalho como algo muito maior do que só o ganha pão, ou com o único objetivo de maximizar o lucro e retorno aos acionistas.
O que é a felicidade no trabalho, afinal? Ela vai muito além dos ambientes coloridos, das festas, dos benefícios e das mesas de sinuca. É sair do que é tangível para fazer os colaboradores sentirem, podendo serem quem são.
Com certeza, é uma desafio, pois cada indivíduo é único e se sentirá feliz de maneiras diferentes. Por isso, é preciso começar focando no trabalho de cada um e também em suas relações. Descubra quais são os valores do seu colaborador.
De uma maneira geral, existem fundamentos que trazem mais felicidade para o trabalho, como: salários justos; oportunidade de desenvolvimento; segurança psicológica; senso de pertencimento; afeto e gratidão por parte dos líderes.
Uma pesquisa da Harvard Business Review mostrou que funcionários infelizes têm 18% menos produtividade, geram 16% menos lucro, provocam um aumento de 49% nos acidentes no trabalho e aumentam em 37% os índices de absenteísmo. Investir em felicidade corporativa não é só o certo a se fazer, mas o que vai gerar a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
E lembra da história que contei no início do texto? Depois de mim, muitas pessoas da instituição que eu trabalhei também trocaram seus cargos em busca de novos desafios, é porquê a felicidade é contagiante.