O protagonismo feminino no comércio internacional ganhou novo impulso no Fórum Mulheres Mercosul–União Europeia, evento que reuniu empresárias, líderes, executivas e formuladoras de políticas públicas em torno de uma pauta comum: as mulheres precisam estar no centro das decisões e dos benefícios do futuro acordo Mercosul–UE.
A anfitriã do evento, Rijarda Aristóteles, foi homenageada por sua atuação incansável na articulação das mulheres em espaços de poder, dentro e fora do Mercosul. A sala cheia refletiu a força econômica feminina na região: mulheres que lideram negócios, movimentam cadeias produtivas, geram empregos e transformam territórios.
Durante o encontro, duas reflexões nortearam o debate: como tornar o acordo mais justo e como ampliar o poder já existente das mulheres na economia.
1. Inclusão feminina é condição para um acordo equilibrado
Os desafios enfrentados pelas empresárias do Mercosul — acesso restrito a crédito, redes de contato menores, menor presença internacional e barreiras estruturais — foram reconhecidos como entraves que o acordo precisa considerar desde sua concepção.
O fórum destacou que:
- Reduzir barreiras específicas às mulheres é estratégico, pois a desigualdade não é fruto de incapacidade, mas de falta de acesso.
- Metas e métricas são essenciais para monitorar a participação feminina nas cadeias globais de valor.
- A pauta de gênero não é concessão social, mas uma alavanca econômica concreta — empresas lideradas por mulheres crescem mais, inovam mais e reinvestem mais nas comunidades.
Assim, incluir mulheres no acordo Mercosul–UE é inteligência econômica, não apenas compromisso político.
2. O poder silencioso, mas decisivo, das mulheres
Outro ponto de destaque foi o chamado “poder silencioso” que as mulheres já exercem sobre a economia do Mercosul.
Dados apresentados reforçaram que:
- Mulheres são a maior força consumidora da região.
- Influenciam mais de 80% das decisões de compra nos lares.
- Movimentam setores como alimentação, saúde, educação, finanças, tecnologia e turismo.
Mesmo assim, continuam sub-representadas nas mesas de negociação. Essa contradição motivou a grande pergunta do dia:
Se somos maioria consumidora, empreendedora e produtiva, por que ainda somos minoria nas negociações que moldam o futuro econômico do continente?
Construindo pontes para um novo começo
O evento reforçou que a construção de um acordo Mercosul–UE verdadeiramente inclusivo exige:
- colaboração entre governos, empresas e instituições;
- políticas mais sensíveis às desigualdades estruturais;
- protagonismo feminino não apenas como beneficiário, mas como agente ativo das negociações.
O Fórum Mulheres Mercosul–UE deixa uma mensagem clara:
não é possível falar de futuro econômico sem falar das mulheres que movem esse futuro.
Mais do que um encontro, o evento representou um compromisso coletivo de avançar com dados, voz e presença feminina — para que o acordo reflita a economia real, feita por mãos que transformam, lideram e inovam todos os dias.

